O site da Veja publicou um conjunto de gráficos para retratar o legado de Dilma . Em oito gráficos, pode-se brincar de jogo dos sete erros.
Alguns gráficos estão corretos, no sentido de que a forma de apresentação não distorce os dados. Ainda que algumas escolhas possam ser questionadas (como o excesso de linhas de grade, a dependência de apresentação dos valores, etc.), ao menos o que se vê é o que existe. Nessa categoria estão quatro gráficos: desempenho do PIB, salário mínimo, população na linha da pobreza e desmatamento na Amazônia. Note que não se está questionando o fato da evolução do salário mínimo apresentada ser nominal em vez de real (ou seja, o gráfico desconsidera a inflação) ou o uso de um gráfico de pizza.
Os outros quatro gráficos apresentam problemas mais graves.
- taxa de desemprego: foram utilizadas bolhas para a comparação. Há dois erros sérios no gráfico. Um é pela forma escolha, pois sem o número estampado não haveria a menor idéia de quais eram as taxas, ou seja, o gráfico em si é nulo em termos de passar alguma informação ao veitor. O outro é que no subtítulo está "variação (%)", quando na realidade se trata da taxa em si e não de sua variação.
- Índice Big Mac: mais um gráfico com dois erros. Novamente a escolha feita de mostrar um indicador utilizando uma figura, o mais precisamente a sua área, no caso, o tamanho do sanduíche (que nem é um Big Mac, que como todos sabem, é composto por "DOIS hambúrgueres, alface, queijo, molho especial, cebola, picles em um pão com gergelim"). Há um problema em se usar áreas , pois o olho humano não é bom para fazer a comparação de forma adequada. Só que nem a área de ambos é proporcional à variação dos valores. Medi o tamanho dos dois sanduíches: a área do segundo é aproximadamente 40% maior do que o do primeiro, enquanto a variação do preço foi de 49%. O outro erro se refere à forma com que o índice foi utilizado: o Índice Big Mac serve para comparar as moedas e verificar se estão distorcidas (ver sua descrição aqui) e não se refere simplesmente ao preço do Big Mac em uma localidade.
- Valor de mercado da Petrobras: a escolha do poço de petróleo para representar o valor da empresa cai no mesmo problema comentado acima, do uso de figuras para representar variações. No caso, porém, não dá para saber se a área em questão é da torre mais o petróleo jorrando ou sem o óleo, mas em qualquer caso não corresponde à variação do valor da empresa.
- Número de bilionários brasileiros: nesse gráfico, a altura corresponde ao número de bilionários, porém, o dado de 2013 está com uma coluna mais larga, o que induz à percepção de que o aumento do número de bilionários foi maior. A coluna de 2013 tem uma área que corresponde a cerca de 3,2 vezes á da coluna de 2010, enquanto o crescimento foi de apenas 2,2 vezes.
Em suma, para se fazer os gráficos optou-se pela variação de formas, com o uso de bolhas, linhas, áreas, colunas e figuras, às custas da acurácia na representação dos dados.
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