quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Gráfico do dia: cores para quê?

As cores em um gráfico servem para adicionar informação e não meramente um capricho para deixá-lo bonitinho. É um princípio básico para sua confecção, embora nem sempre seguido.
Uma matéria do G1 sobre a violência no Brasil foi ilustrada, em sua primeira versão, pelo gráfico abaixo. Além das legenda do eixo horizontal inclinada, o que dificulta a leitura, a parcimônia de dados (apresenta apenas os três estados com maior taxa), há o uso indevido de variação de cores. O gráfico trata de apenas uma coisa - a taxa de mortes violentas - logo não há motivo para variar as cores.


Com os dados colhidos diretamente na fonte (o Anuário do Fórum Brasileira de Segurança Pública), o gráfico foi refeito, com os dados de todas unidades da federação. Além dos dados de 2017, em vermelho mais escuro, estão apresentados os dados do ano anterior, em um tom mais claro, para comparação. Na legenda dos estados foram adotadas duas cores: vermelho par aos estados que pioraram suas taxas, cinza para os estados que melhoraram. Adicionalmente a média do país para 2017 está representada pela linha vermelha pontilhada. O eixo horizontal indica os valores extremos em vermelho. Uma versão interativa poderia apresentar os dados individuais com a passagem do mouse sobre os dados. Um pouco mais de informação, sem usar mais espaço.


Como o gráfico foi feito: há uma variedade de pequenos truques utilizados para chegar neste resultado. 
1. Os dados de cada UF foram ordenados de forma crescente. 
2. Em uma nova coluna foram  atribuídos números de 1 a 27 para cada unidade. 
3. A primeira série de dados é composta por x (valores de 2016) e y (número de cada unidade, atribuído de forma crescente); a segunda série, com os valores de 2017. 
4. Cada série foi formatada com o padrão escolhido (tamanho, cor de borda e cor de preenchimento).
5. Para conectar os pontos com o eixo vertical para facilitar a identificação de cada UF, foi usada a barra de erros horizontal (valor 100% para menos).
6. Para criar as legendas das UFs em duas cores, foram cridas duas novas séries: uma para os estados que tiveram aumento na taxa, outra para diminuição, nas quais x = 0 e y = posição de cada estado no ranking decrescente. Os pontos que indicam as séries estão sem marcador.
7. A linha do Brasil foi acrescida com uma nova série, de apenas um ponto (x = dado de 2017, y = 13,5 - o ponto médio), e barra de erro vertical de 100%.
8. Por fim, o eixo horizontal foi substituído por uma nova série, com x = mínimo e máximo dos valores de 2017 e y = 0. Acrescenta-se a legenda e voilá.

Trabalhoso? Um pouco.

A matéria do G1 foi atualizada ao longo do dia e o gráfico que deu origem ao post, suprimido. Acrescentaram novos gráficos, inclusive o abaixo - que dispensa comentários. O leitor que chegou até aqui é capaz de apontar seus problemas.


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