Um gráfico deve ser tão simples quanto possível para comunicar os dados. É um princípio quase que tautológico. No entanto, alguns preferem ser "criativos" e com isso prejudicam a clareza.
Os dois exemplos deste post são do livro "O sinal e o ruído - por que tantas previsões falham e outras não", de Nate Silver. O livro é muito interessante, aborda a questão de previsões em diversos campos, do basebol aos terremotos, passando por previsão de tempo, pôquer, eleições e aquecimento global, trata da velha disputa entre bayesianos e frequentistas (o autor alinha-se com os primeiros) e é uma leitura recomendada. No entanto, apesar de estatística ser um tema embutido no livro, os seus gráficos de forma geral deixam muito a desejar. Há as limitações do meio, com a impressão em preto e branco, mas nada que justifique algumas falhas.
Há uma figura sobre o tempo médio que uma ação é mantida pelos investidores nos Estados Unidos, refeita abaixo, mantendo as características da original.
O autor da figura deve ter pensado que, como se referia a tempo, seria adequado usar algo que lembrasse relógios. O resultado é um conjunto de pizzas cujas fatias escuras representam o tempo médio.
Havia soluções muito mais simples e efetivas, como usar um gráfico de linhas ou colunas (como a figura abaixo). Por que simplificar quando se pode ser inventivo?
No mesmo capítulo há uma outra figura, uma vez mais com pizzas. Abaixo há a versão refeita, mantendo-se as características da original. Ao ver o gráfico, sem consultar os números, é capaz de ter uma idéia de quanto foi o incremento no valor das ações em posse dos investidores individuais? Multiplicou-se por três, cinco, dez, vinte? E dos investidores institucionais? E do bolo como um todo? Tente adivinhar antes do próximo parágrafo.
As respostas são, de forma arredondada, 3 para os investidores individuais, 14 para os institucionais e 7 para o bolo. Se suas estimativas passaram longe, não se sinta frustrado: é difícil estimar a olho. Mas com o gráfico abaixo seria mais simples.
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