Igualmente sem surpresa, o G1 publicou uma vez mais o seu infográfico que viola vários princípios de como se fazer um gráfico.
O primeiro problema do gráfico do G1está no eixo vertical. Ele começa em cinco, em vez de zero. Com isso, as quedas parecem mais acentuadas do que são de fato.
O segundo problema é ainda mais grave. A linha desenhada conecta os pontos em segmentos de reta, isto é, como se existissem valores intermediários entre um ponto e outro. No entanto, a taxa em 7 de junho de 2011 não era um valor entre o definido na reunião anterior (12%) e o que foi deliberado no dia 8 de junho (12,25%). Era ainda a taxa de 12% a.a. Em casos assim, nos quais os valores se mantém em um patamar entre duas datas (ou dois intervalos de tempo qualquer), isso deve se refletir no gráfico. No caso, teria de ser um gráfico em degraus, como a versão redesenhada.
Foi mantido o estilo geral do infográfico, com algumas alterações. A principal, a mudança das retas para os degraus. O eixo vertical começa do zero, para não causar distorções. Estão assinalados o valor inicial da série (na verdade, o valor da primeira reunião de 2006), do valor final (correspondendo à reunião mais recente) e os "pontos de inflexão" (máximos e mínimos locais), isto é, as reuniões que interromperam séries de elevação ou redução das taxas. Esses pontos de inflexão estão destacados de forma distinta, no caso de elevação (com texto em vermelho) ou redução (com texto em cinza). Foi mantido o mesmo número de algarismos significantes nos valores destacados (duas casas decimais).
Fazer um gráfico em degraus dá mais trabalho do que fazer com segmentos (que são o padrão). Não há no Excel esta opção por default, o que requer que se refaça a série de dados, mas a precisão requer o esforço.
Compare os dois gráficos e notará outra coisa: por duas vezes o gráfico original do G1 destaca pontos que não foram os de mudança na trajetória das taxas de juros. São eles: 18/07/07, com o valor de 11,50% (chegou a 11,25% em setembro daquele ano) e 8/6/2011, com 11,25%, o que aparenta ser o máximo daquela escalada (subiu mais 0,25%na reunião seguinte). Além disso, pelo gráfico parece que o patamar atual de 11% foi atingido em 28/05/2014, quando na realidade se deu na reunião anterior de 2/4/14. Os dados que utilizei para fazer o gráfico foram retirados do site do Banco Central. Não sei de onde o G1 tirou seus dados para apresentar seu gráfico.
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